quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A história da arrancada

Arrancadão no Brasil

As corridas de arrancadas se tornaram tão comuns por aqui que muita gente desconhece que no início ela era ilegal e, depois, foi adotada para tentar conter os rachas que aconteciam clandestinamente e matavam jovens.
Para entender a modalidade, vamos voltar no tempo e chegar à década de 1940. Depois que a Segunda Guerra Mundial acabou, os jovens se viram diante de um dilema: o que fazer da vida? Eles não queriam seguir os mesmos caminhos dos pais, estavam se rebelando contra todos os padrões estabelecidos e, além da mudança de comportamento nas roupas e música, era preciso criar diversões condizentes com esta nova atitude.


Os primórdios da arrancada nos anos 1940
Passeios no cinema e parques de diversões eram coisas sem graça para aqueles que vivenciaram a adrenalina da guerra. Vendo as mudanças feitas nos carros militares, os jovens começaram a pegar sucatas velhas e modificar os carros que tinham em casa e criaram a sua própria versão de corridas.
As primeiras corridas com os hot rods eram clandestinas; a polícia era contra este novo esporte, pois não havia nenhuma segurança para pilotos e público e acidentes fatais eram comuns.

O aeroporto desativado de Santa Ana recebe as primeiras corridas oficiais de drag race
No sul da Califórnia, em Santa Ana, os pilotos amadores encontraram o lugar perfeito para fazer arrancada sem a interferência da polícia: uma pista de aeroportodesativada. A reta de 402 metros sem curvas era o local onde dois carros competiam para ver quem tinha maior velocidade. Ganhava o corajoso que tirasse o pé do freio por último.
A popularidade das drag races (arrancada em inglês) era tão grande que elas marcaram época, indo parar na indústria Hollywoodiana como símbolo desta rebeldia juvenil. A cena de James Dean dentro do seu carro enquanto espera o aceno de Natalie Woodera a visão do cinema para as drag races. E o título do filme mostra o quanto estas corridas eram consideradas transgressoras: Juventude Transviada.

James Dean e Natalie Wood, os rebeldes sem causa antes de uma disputa de arrancada
O novo filão comercial era explorado também por publicações que ensinavam a como obter melhor rendimento do carro e explicavam sobre as novas peças que surgiam no mercado. As corridas de arrancada já não podiam mais ser freadas: a febre contaminava a todos.



Saindo da clandestinidade

Assim que a mudança foi feita para o aeroporto Santa Ana, a arrancada começou a entrar no processo de oficialização. Enquanto nas outras corridas tudo era precário, em Santa Ana os pilotos contavam com um relógio computadorizado que marcava os tempos. Este artefato foi revolucionário na época e as pessoas vinham de outras cidades somente para ver uma prova tão organizada quanto aquela.
No ano seguinte, o editor da revista Hot Rod e entusiasta das corridas Wally Park criou a National Hot Rod Association (NHRA), dando à categoria a legalidade que ela necessitava. Regras de segurança, condições dos carros e outros itens foram institucionalizados para definir a arrancada. As drag races passaram a ser responsabilidade da NHRA.

O Brasil adota o novo esporte

Se nos Estados Unidos começou ilegalmente, no Brasil as provas já vieram oficializadas. Em 1958 aconteceu a primeira prova de arrancada, em Curitiba. Num percurso maior do que o americano, com 1.000 metros, os pilotos brasileiros foram aos poucos levando a modalidade para outros cantos do país.
Mas não podemos dizer que aqui não havia drag races antes deste registro; o brasileiro sempre foi conhecido como amante da velocidade e, provavelmente, havia arrancadas clandestinas sem o conhecimento da grande mídia.

A arrancada do modo tradicional

A popularização da arrancada só foi vista nos 80 e aí todos queriam modificar o seu carro de rua e disputar uma prova. As arquibancadas ficavam cheias e a preparação dos veículos ainda era precária, porém isso não impedia que belas disputas acontecessem.

Com o tempo, as arrancadas começaram a ser vistas sem tanto preconceito
As cidades passaram a receber provas de arrancadas quando o número de rachascomeçou a preocupar as autoridades. Organizar provas e deixar que os pilotos corressem em autódromos com segurança foi a melhor forma de evitar mortes por corridas ilegais.

Como funciona

A proposta parece simples: dois veículos numa reta competem para saber quem alcança a linha de chegada o mais rápido possível. Passando bem longe daquilo que foi um dia, agora as corridas ganharam o ‘pinheirinho’, uma espécie de semáforo que controla a largada. Nos EUA seu nome é ‘Christmas tree’, pela semelhança com a árvore de Natal.

A largada é sinalizada pelo pinheirinho
Na Fórmula 1, escutamos muito sobre o aquecimento de pneus que os pilotos precisam fazer antes da largada e, na arrancada, o mesmo acontece. Depois de ser feita a preparação da pista, com inspeção para que não haja detrito ou óleo, os pilotos, já situados no lado onde vão correr, realizam o aquecimento chamado de burn out ou borrachão.
Alinhados lado a lado, ambos só largam com a autorização do pinheirinho e o sistema de cronometragem é acionado. Na reta final, outro dispositivo registra o tempo e diferença entre os carros.

Atualmente a arrancada ganha apoio de patrocinadores
Quando há chuvas, não espere por uma corrida de arrancada. A prova é imediatamente cancelada, pois sem aderência no asfalto o risco de acidentes cresce consideravelmente.

Campeonatos de arrancada

Você pode encontrar campeonatos que valem premiações e contam pontos para o campeonato brasileiro em vários pontos do Brasil. A Confederação Brasileira de Automobilismo homologou a categoria em 2002 e é ela quem regulamenta a competição, instituindo as regras que devem ser seguidas nos eventos..
Há também os campeonatos regionais, onde cada piloto deve vencer três etapas para se sagrar campeão. Como a arrancada se tornou muito popular no Brasil, há também as corridas que ocorrem fora do campeonato oficial, como os festivais.
E qual a sua opinião sobre as arrancadas? Acha válido que as autoridades incentivem e aluguem os autódromos para esta nova categoria esportiva? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário